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  • Foto do escritorCris Jardim

Cris Jardim entrevista Marcelo de Souza, produtor da Vinícola dos Pirineus

O médico e sommelier Marcelo de Souza, proprietário da Vinícola Pireneus, é o responsável por essa iniciativa pioneira e seus vinhos já recebem reconhecimento de crítica e premiações.  Muito cuidado e um trabalho dedicado são parte do sucesso de seus vinhos.

Foto Globo Rural Notícias

Segundo Marcelo, a paixão por vinhos surgiu quando se mudou para São Paulo para fazer uma especialização. Lá adquiriu como hábito experimentar vinhos de diferentes partes do mundo.

A vinícola dos Pireneus, no município de Cocalzinho (GO), produz vinhos finos e ajuda a inserir o cerrado no mapa do cultivo de uvas e fabricação da bebida na pais.

Turma do vinho visitando a fazenda Pirinieus Vinhos e Vinhedos


Então, vamos à entrevista com Marcelo Souza em sua visita à DOC Vinhos em Brasília no dia 22/10/2019. Registros desse momento logo abaixo:

Cris Jardim: me fale um pouco de você e como surgiu a paixão por vinhos?

Marcelo Souza: a paixão por vinhos surgiu há alguns anos, quando fiz residência médica em São Paulo na década de 90. Na época tomei conhecimento do mundo dos vinhos, pois em SP por ser uma grande centro de informação, já havia iniciado um mercado bem amplo voltado para esse universo, então começei a participar de muitos eventos de vinhos e degustar vinhos de todos os lugares do mundo. Quando retornei a Goiânia em 1997 e com intuito de disseminar essa cultura até pouco difundida na cidade, cheguei a montar grupos de vinhos para degustação e continuei estudando durante muitos anos e aprofundando cada vez mais em vinhos, até depois começar realmente produzir vinhos.


Cris Jardim: fale do pioneirismo como produtor de vinhos finos no planalto central.

Marcelo Souza: como estava muito imerso no mundo dos vinhos desde a década de 90, já tinha minha percepção própria sobre a questão do vinho e por mais que não tivéssemos aquela zona de clima mediterrâneo, como sempre falou-se que era algo necessario para produzir vinhos, eu percebi que a videira tinha na nossa região todas as perspectivas de atingir a maturidade se fizéssemos a dupla poda e reproduzíssemos na época seca, porque temos um periodo extremamente longo de seca, com temperaturas quentes durante o dia e temperaturas frias durante a noite e isso é necessário para a videira. Porém, apenas na época do amadurecimento, que acontece normalmente 2,3 meses e nós temos até mais que isso, até 5 meses desse tipo de clima. E observando o trabalho que estava sendo feito no nordeste na produção de uva para fazer vinhos - claro que não com a especificidade climática que temos aqui - percebi que também poderíamos cultivar uvas viníferas nesta região. Mas pensando ser grande demais o desafio, e mesmo sabendo dessa possibilidade de aclimatar videira na região durante anos, só começei a produzir vinhos em 2004/2005.


Cris Jardim: quais são as principais uvas que está plantando e tem intensão de plantar outras uvas?

Marcelo Souza: nossas uvas são syrah, barbera e tempranillo, cepas que fazem excelente vinhos no mundo todo. A Syrah já provou o seu potencial de produzir vinhos em muitos lugares, já aTempranillo é uma uva mais difícil de cultivar mas produz grandes vinhos. A Barbera produz ótimos vinhos em climas mais ensolarados mas ainda é pouca explorada. Com excessão da Syrah com produção espalhada pelo Brasil, o trabalho que temos desenvolvido principalmente com a Barbera acaba se tornando uma característica nossa, visto essa casta não ser muito cultivada no mundo,assim como Tempranillo, mas com grande potencial de serem exploradas aqui. Aliás, Goiás tem potencial imenso de produzir outras uvas, mas nesse momento vamos consolidar essas enquanto estamos testando outras.


Cris Jardim: especifique quais os vinhos que produz com essas uvas. Qual é corte, qual é varietal?

Marcelo Souza: a partir de 2015/2016 nosso vinhos são varietais, não há corte. Houve algo com corte, nos anos de 2010 ate 2014, a partir 2015 entrou essa outra perspectiva de fazer somente varietais e consolidou em 2016. Há a linha terroir com as castas (tempranillo, barbera e syrah), uma linha considerada de entrada, vinhos com mais fruta, menos ênfase em madeira, mais o que a cada uva pode representar na nossa regiãoo, no máximo 5,6 meses em barrica. E temos outra linha top, que considera concentração mais elevada, um ano de barrica americana e que entra o Intrépido (100% syrah) e Bandeiras (100% barbera).


Cris Jardim: quando acontece a víndima?

Marcelo Souza: a nossa safra mais definida anualmente é agosto e setembro, acabamos de colher a safra 2019 . A próxima é ano que vem, colhemos nossas uvas bem calmamente, esse é segredo do nosso vinho ser tão maduro, colhemos um pouquinho de cada vez. Por mais que seja duplo ciclo (dupla poda), poderíamos produzir vinhos 2 vezes por ano. Neste ano vamos lançar um vinho teste das uvas que foram colhidas em março na mesma planta, que chamamos de “safrinha”.

Cris Jardim: onde são feitos seus vinhos?

Marcelo Souza: a vinícola fica na cidade de Cocalzinho de Goiás e o vinhedo a aproximadamente 15 km. O vinho não é elaborado na fazenda, pois estamos localizados em uma área com pouca infraestrutura onde nos faltam itens essenciais como rede elétrica trifásica e mão de obra.


Cris Jardim: como trabalha com o enoturismo ou se pretende fazer parceria com algum meio de hospedagem?

Marcelo Souza: temos o enoturismo há um certo tempo na empresa, mas deu uma diminuída no ritmo devido a uma mudança administrativa. Assim que essa mudança estiver concluída, devemos estabelecer novamente os critérios que tínhamos antes. Por agora quem tem feito essas visitações é a empresa Calliandra Gastronomia em Pirinópolis.

A parte de hotelaria não é feita devido a infraestrutura do vinhedo não ser adequada, precisaria de ter uma parceria da prefeitura, do governo, para acesso, fornecimento de energia de boa qualidade e ainda não conseguimos essa parceria. E acaba ficando oneroso fazer esse investimento agora e preferimos investir na produção de vinhos.


Cris Jardim: como é a oferta para receber visitantes? Quantidade de pessoas oferecida por grupo, serviço. Como faz o agendamento?

Marcelo Souza: a demanda é forte de pessoas que gostaria de fazer o enoturismo. Quem está cuidando atualmente desse processo de visitas ao vinhedo é a empresa Calliandra Gastronomia que fica em Pirinópoliis e que usa um modelo próprio de visitações. Acredito que os grupos sejam em média de 15 pessoas, mais detalhes para agendamento precisa entrar em contato com a empresa.


Cris Jardim: quais são as perspectivas para vinicola, para produção de vinhos e para a vitivicultura no Centro Oeste brasileiro. Tem intensão de exportar para atrair apreciadores da bebida para a região?

Marcelo Souza: já fizemos um inho que representasse bem a nossa região e depois estamos alcançando outra vertente que é disseminar pessoas da região a produzir vinhos, e acredito que em um intervalo muito curto 2,3 anos teremos vários vinhos produzidos, especialmente com de Syrah por iniciativa própria. Estou também trabalhando para trazer parcerias e investidores para dinamizar a produção de vinhos. Exportar é interessante, mas acaba deixando pouco disponivel os vinhos na região, e as pessoas ficarão menos cientes do que estão acontecendo e do que pode ser feito aqui, também é interessante estilular que outros empreendedores regionais possam investir.


Cris Jardim: onde podemos encontrar os vinhos da Vinicola em Brasília e qual a faixa de preços?

Marcelo Souza: temos uma exclusividade com a Doc Vinhos e os clientes também pode apreciar nossos vinhos no tradicional restaurante Dom Francisco, temos essa parceria que já é antiga desde os primeiros rótulos que lançamos.

A média de preços da linha de mesa é em torno de 100 reais e a linha top varia entre 160 a 190 reais.


Serviço

Fazenda Pireneus Vinhos e Vinhedos

Onde: Cocalzinho de Goiás, Serra dos Pirineus – a 129km de Goiânia

Para mais informações e agendamento de visitas, enviar e-mail para pireneusvinhos@gmail.com


Edição Cris Jardim


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